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Pesquisa da Unifesp investiga como terapeutas ocupacionais têm utilizado a arte para diminuir os impactos da covid-19 nos seus pacientes

Por Paula Garcia

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Realizado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) - Campus Baixada Santista, o estudo analisa os efeitos da arte, do corpo e da cultura na promoção e emancipação das pessoas tradicionalmente atendidas pela terapia ocupacional no atual contexto de pandemia no país. Com bolsa emergencial covid-19 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a pesquisa de doutorado de Mariana Louver Mendes tem a orientação de Flávia Liberman e a co-orientação de Viviane Maximino.

“Essa pesquisa nasce do desejo de investigar e aprofundar questões/problemas de interface da terapia ocupacional com as artes, corpo e cultura na atualidade do Brasil. Um território híbrido que se dá no entrecruzamento da ética, estética e política, no desenvolvimento e promoção de cuidados, direitos, pensamentos e pesquisas, e na conexão das artes e da cultura com experimentações estéticas e sensíveis”, afirma Mendes.

Segundo a pesquisadora, o surto do novo coronavírus intensificou as problemáticas que, de modo geral, a terapia ocupacional vem trabalhando: pobrezas, desigualdades, exclusões, precarização das vidas, sofrimentos psíquicos e sociais, vulnerabilidades, isolamento, rupturas de todas as ordens e ainda trouxe novidades impensáveis e imprevisíveis.

Como estamos cuidando dos sofrimentos e rupturas que o atual momento pandêmico promove?

Os questionamentos do projeto surgem de um fazer cotidiano de práticas e pesquisas na terapia ocupacional, desde a formação da doutoranda na área. “Escolhemos pensar e debater experiências concretas, escutando e mapeando as ações em curso hoje, bem como seus objetivos, práticas que promovem e populações que alcançam, por meio de entrevistas com atores do campo. Assim, conseguimos fundamentar a discussão conceitual e procedimental relacionando tais práticas e seus efeitos nas populações atendidas”, explica a pesquisadora.

Nesse sentido, experiências estéticas e sensíveis das práticas artísticas, corporais e culturais no cuidado do mundo e do outro, na produção de cultura, de saúde e vida e em estados de exceção, como o que estamos vivendo, estão sendo analisadas dentro das entrevistas. “O que as iniciativas com arte e cultura na Terapia Ocupacional buscam ativar, promover, dar lugar e sustentar? Quais são essas iniciativas e como elas pretendem cuidar? E, nesse sentido, o que as ações da terapia ocupacional nessa área de interação têm desenvolvido para cuidar dos efeitos da atual pandemia de covid-19 nos territórios, grupos e pessoas acompanhadas?”, são as indagações levantadas por Mendes, que pretende apresentar os dados de sua pesquisa à banca de qualificação dentro de dois meses.