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Dados são do COH-FIT, pesquisa mundial sobre impactos da pandemia na saúde mental

Por Valquíria Carnaúba

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(Imagem ilustrativa)

Estresse, solidão e raiva foram os sentimentos mais evidentes na população brasileira em 2020. De acordo com os resultados preliminares do estudo internacional Collaborative Outcomes study on Health and Functioning during Infection Times (COH-FIT), mais de 40% das pessoas está sofrendo com o aumento expressivo do estresse. O COH-FIT é o mais abrangente estudo a avaliar os impactos da pandemia na saúde global da população, e está sendo aplicado em 148 países - incluindo o Brasil.

A maior parte dos participantes, no país, tem idade entre 26 e 47 anos. A proporção de mulheres é maior em relação aos homens, na média mais velhos do que elas. Segundo o estudo, mais de 40% afirmam que a sensação de solidão se agravou durante o período, mesma porcentagem que representa as pessoas que se perceberam mais ansiosas.

As mulheres foram mais afetadas pela raiva do que os homens, totalizando 50% das pessoas que sofreram com o agravamento do sentimento, contra 30% dos homens. Mas elas foram, por outro lado, tomadas pelo altruísmo com mais intensidade (25%) do que os homens (10%). A vontade de ajudar ao próximo, porém, não se destaca nesse período, não havendo grandes diferenças entre adultos de meia-idade e idosos, cuja média ficou em 20%.

Uma alta proporção dos entrevistados (75%) relatou um aumento nas horas gastas com a mídia. Entre as mulheres, o aumento do tempo on-line foi substancialmente maior (80%) em comparação com os homens. Para os respondentes, o uso constante das redes sociais amenizou o sentimento de solidão de 75%. A pesquisa mostrou que o uso dessas redes foi adotado como estratégia para enfrentar esse período, mas não foi o único. Exercícios físicos, interações sociais remotas (comemorar o aniversário pelo meet), voltar a estudar, investir em um parceiro fixo e até adotar um animal de estimação foram as ações mais comuns nesse período.

Sobre o COH-FIT

A pesquisa investiga os efeitos do isolamento social associado à Covid-19 na saúde física e mental. Os retornos ao inquérito no Brasil já somam mais de 4.500 e, no mundo, são mais de 115 mil. Contudo, os dados serão coletados até o final de 2021 a fim de captar com maior precisão o cenário compreendido entre o começo da pandemia e o desenlace após a vacinação. 

O psiquiatra Ary Gadelha coordena esse trabalho, em São Paulo, junto aos colegas da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) Jair Mari e Hugo Cogo-Moreira (Departamento de Psiquiatria), Carlos Gustavo Costardi, Laís Fonseca e Zila Sanchez (Departamento de Medicina Preventiva). Participam ainda André Brunoni, da Universidade de São Paulo (USP), Felipe Schuch (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM) e Samira Valvassori (Universidade do Extremo Sul Catarinense).

Gadelha pontua que os resultados finais incluirão também amostras representativas em 10 países, colhidas por uma empresa contratada para essa finalidade. As perguntas do questionário on-line podem ser respondidas por qualquer pessoa acima de 18 anos, e são relacionadas a mudanças de comportamento durante o isolamento, dores, sentimentos de angústia, solidão, entre outros. Participe você também (clique aqui)!

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