Pesquisa da Unifesp apontou que essa redução, causada pela pandemia de covid-19, forçou uma mudança na rotina de treinos das atletas

 Por José Luiz Guerra 

Pesquisa CrossFit portal
(Imagem ilustrativa)

A diminuição da intensidade da prática de crossfit provocada pela pandemia de covid-19 ajudou a controlar a incontinência atlética em mulheres. Essa foi a conclusão de uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conduzida pela docente Maíta Poli de Araújo, da disciplina de Medicina do Esporte e Atividade Física da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo.

A pesquisa, que teve como objetivo avaliar o efeito da quarentena no volume de treino de mulheres praticantes de crossfit e o efeito disso na incontinência atlética, contou com a participação de 197 mulheres, que responderam um questionário on-line contendo questões sobre frequência, duração e intensidade do treino e dados relacionados à pandemia de covid-19, tais como local da quarentena, se teve a doença e como foi o tratamento. Para o estudo, a incontinência atlética foi definida como a perda involuntária de urina durante o treino de crossfit e comparada antes e durante a quarentena.

Os resultados indicaram que, antes da quarentena, 32% das atletas relataram o sintoma de incontinência atlética. Já durante esse período, somente 12% delas relataram o problema. Os principais fatores relacionados à melhora, segundo a pesquisadora, foram a diminuição da intensidade do treino e o fato de evitar a prática do exercício double under (exercício no qual se pula corda duas vezes no ar). "Estudos prévios apontaram que este exercício é o que mais aumenta a pressão intraabdominal, uma das principais causa de perda involuntária de urina na mulher", explica Maíta. Concluiu-se, então, que a quarentena melhorou a incontinência atlética em praticantes de crossfit. "Essa conclusão é interessante pois indica que diminuir a intensidade do treino e evitar exercícios como o double under se mostraram opções fáceis para a melhora da incontinência atlética, além dos tratamentos já conhecidos, como a realização de exercícios para o assoalho pélvico e uso de pessários vaginais", completa a pesquisadora.

Por meio das respostas dos questionários, foi possível verificar que a idade média das participantes foi de 32 anos (mínimo 16 anos e máximo 59 anos), com uma frequência média de treino de 50 minutos por dia, quatro vezes na semana. A maioria das participantes morava em apartamento (65,5%), com duas pessoas (40,1%), e praticavam crossfit durante a quarentena, em sua maioria, dentro de casa (55%), seguido das áreas externas da residência (19,4%). Houve diminuição da intensidade do treino em 64% das participantes, sendo que exercícios que precisavam de materiais específicos como medicine ball e wall ball foram praticados por menos da metade das atletas. Já exercícios que são realizados usando o próprio peso do corpo sofreram pouca redução de intensidade.