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Realizada em parceria com outras instituições, pesquisa verificou ligação entre fatores ambientais e mortalidade pela infecção do novo coronavírus

Por Juliana Cristina

EstudoICAQF covid portal
(Imagem ilustrativa)

Conduzido por pesquisadores(as) do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema, em parceria a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES), da Argentina, Universidade Austral do Chile e a Sociedade Peruana de Alergia, Asma e Imunologia (SPAAI), do Peru, o estudo procurou analisar a existência de uma relação entre fatores ambientais – como condições meteorológicas e poluição do ar – e a evolução no número de mortes por covid-19, entre os meses de fevereiro e agosto de 2020.

Foram avaliadas cerca de 36 cidades da América Latina, preferidas pela diversidade em relação às condições ambientais e socioeconômicas, das quais os(as) pesquisadores(as) utilizaram, para análise estatística, dados diários – de 2015 a 2020 – relativos à temperatura e coluna troposférica NO2 do OMI (Ozone Monitoring Instrument/Instrumento de Monitoramento de Ozônio). A pesquisa considerou, ainda, variáveis que seriam capazes de influenciar no aumento da taxa de mortalidade, como características demográficas, comorbidades na população e redução na mobilidade.

O estudo observou relação positiva entre temperatura e exposição ao NO2 à mortalidade por covid-19, apesar da evolução pandêmica ter sido relativamente diferente entre as cidades analisadas, e concluiu que a exposição à poluição atmosférica mostrou menor impacto em relação à evolução do número de mortes, sendo que o aumento de uma unidade na concentração de poluentes foi associada ao crescimento de 2% de mortalidade. A temperatura do ar, no entanto, mostrou maior relação o aumento da taxa de mortalidade por habitante nas cidades estudadas – em locais mais quentes foi verificado maior número de mortes, sendo que o aumento de 1°C na temperatura média da cidade representou 25% de crescimento da mortalidade por covid-19.

Luciana Rizzo, docente do ICAQF/Unifesp e uma das responsáveis pelo projeto, afirma: “a partir desse estudo, concluímos que a temperatura do ar foi uma importante preditora da evolução das taxas de mortalidade por covid-19 na região do Cone Sul em 2020. Em geral, cidades localizadas na região tropical apresentaram maior número de mortes por habitante. Argumentamos que a temperatura influenciou indiretamente a mortalidade por ser uma variável ambiental que reflete a diversidade de condições socioeconômicas e de infraestrutura das cidades consideradas”.