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Gratuito, jogo pode auxiliar na reabilitação remota de pessoas com paralisia cerebral 

Por Juliana Cristina

DESENHO PC Telerreabilitação 1
Simulação aponta como é feita a telerreabilitação. Enquanto o acompanhante fica com o celular, o fisioterapeuta acompanha o paciente via chamada por vídeo. Imagem: arquivo pessoal.

Um estudo desenvolvido em parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (EACH/ USP), Faculdade de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) e Universidade de Oxford, se propôs a analisar a viabilidade e os benefícios da utilização de jogo sério (cujo propósito não é puramente o entretenimento) para telerreabilitação de pessoas com Paralisia Cerebral (PC) durante a fase de quarentena decorrente da pandemia de covid-19.

Realizada entre os meses de março e junho de 2020, a análise foi feita com 44 participantes (22 com PC e 22 com desenvolvimento típico) de idades entre 11 e 28 anos, divididos em pares conforme suas faixas etárias e sexos. Todos executaram o jogo de timing consciente e, a partir disso, os pesquisadores mediram o desempenho do movimento e a intensidade da atividade física por meio da Escala de Percepção de Esforço Borg (EPE).

O jogo oferece um estímulo motor para quaisquer restrições de mobilidade que o jogador possa ter, além de apresentar aos pesquisadores um relatório sobre o desempenho das pessoas que o jogam. Assim, foi possível conferir se houve aprendizagem motora e, aplicando as Escalas de Percepção de Esforço, verificar se o jogo realmente promoveu atividade física para os participantes com restrição de mobilidade e para aqueles da mesma faixa etária com desenvolvimento típico.

Talita Dias da Silva, fisioterapeuta e orientadora de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Medicina (Cardiologia) da Escola Paulista (EPM/Unifesp), explica que o jogo, intitulado MoveHero, foi inspirado no Guitar Hero®. “Junto com música, o jogo exibe algumas bolinhas caindo, e a pessoa tem que alcançá-las no ritmo. Se o jogador perceber que está fácil para ele, também é possível trocar as fases - existe a opção de aumentar a velocidade e quantidade de bolinhas, além de escolher as músicas. É um jogo bem divertido! A ideia é engajar as pessoas pra que continuem praticando a atividade no dia a dia, dentro de casa”, comenta.

A comparação entre os resultados dos participantes do estudo demonstrou que o jogo conseguiu promover uma melhora e aumento da atividade física e da percepção do esforço de ambos os grupos. Silva aponta que os participantes conseguiram se envolver, apesar da distância física, e relataram ter gostado das sessões, além de terem melhorado seus desempenhos em certos momentos de prática. Ela indica que o resultado mais significativo foi o aumento considerável na classificação da Percepção de Esforço dos indivíduos, sendo maior a classificação de pessoas com PC - as quais aumentaram tanto seu desempenho quanto a intensidade da atividade física ao utilizarem o jogo, e conseguiram realizar determinadas atividades no mesmo nível dos participantes com desenvolvimento típico.

O estudo publicado refere-se às pessoas com Paralisia Cerebral, no entanto, conforme indicado por Silva, recentemente os pesquisadores também aplicaram as análises com base no jogo em crianças com Transtorno do Espectro Autista, Distrofia Muscular de Duchenne e pacientes internados por covid-19.

MoveHero é coordenado pelos docentes Carlos Bandeira de Mello Monteiro e Luciano Vieira de Araújo, do EACH/USP, e conduzido em parceria com o desenvolvedor Murilo Vinicius Brandão da Costa e com a fisioterapeuta da Unifesp.

Ele foi disponibilizado durante a quarentena por meio de uma plataforma on-line para que as pessoas possam realizar remotamente os exercícios de reabilitação motora e cognitiva. O jogo é gratuito e pode ser acessado pelo link: https://movehero.com.br/en/.