Iniciativa tem como público-alvo os residentes da periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo
Por Tamires Tavares
O Observatório Covid-19: Teatro Adamastor Pimentas - Arteiros em Tela realiza, desde março, início das recomendações de isolamento social, atividades de pesquisa e assistência junto aos moradores do entorno da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, na região periférica de Guarulhos. “A experiência pretende fomentar encontros-aproximações entre os pesquisadores e os moradores para tematizar a desigualdade atravessada na experiência da pandemia”, explica Marta Jardim, docente do Departamento de História da Arte e uma dos idealizadores do projeto.
Iniciativa de docentes, estudantes e funcionários da Universidade, o observatório reúne os grupos de pesquisa e projetos de extensão Etnografia e História das Práticas Artísticas e das Línguas das Áfricas (EHPALA), Grupo de Estudos e Práticas Artísticas da Cia do Caminho Velho (GEPA), Pimentas em Cantadas, Pimentas de Ouro e Intervalo no Teatro.
As atividades são desenvolvidas em conjunto com a comunidade moradora de condomínios de moradia popular – que já participam de ações no campus ao longo do ano letivo. Desde o seu início, foram cadastradas 190 famílias em situação de vulnerabilidade, e realizada a arrecadação e distribuição de alimentos – ao todo, foram compradas 200 cestas básicas. A iniciativa promove, também, arrecadação de recursos para uso da Internet, como a aquisição de um telefone celular para uso coletivo, denominado como “Orelhão Móvel”. “Espera-se que o telefone possa ser usado para resolver questões pragmáticas, como outrora os ‘orelhões’ permitiam e, também, convidamos o usuário temporário do aparelho e seu pacote de dados a fazer arte para expressar sua experiência de confinamento domiciliar”, comenta Jardim.
A frente do observatório que se dedica ao incentivo de manifestações artísticas e compartilhamento virtual, o Arteiros em Tela estimula a expressão tematizada pelo isolamento social através de performances teatrais, artes plásticas, música, dança e fotografia que serão divulgadas nas redes sociais do projeto. Ela está vinculada a uma pesquisa acadêmica que investiga as artes desenvolvidas na experiência de isolamento e confinamento doméstico resultante da pandemia de covid-19.
Para organização e discussões acerca dos projetos, são realizados encontros virtuais semanais entre os participantes. As reuniões integram Unidades Curriculares Emergenciais que compõem o currículo acadêmico da Universidade durante a quarentena, como a Etnografias performativas em isolamento em um mundo tão desigual, na qual são apresentados os materiais artísticos recebido e discutida a desigualdade socioeconômica na experiência de isolamento. Ocorrem também, em outro momento, apresentações dos próprios autores destes materiais e trocas de experiências com estes.
O observatório também contribui ao estudo do impacto sociopsicológico da quarentena na comunidade assistida. Para isso, colabora com a pesquisa Desigualdades e Vulnerabilidades na Epidemia de Covid-19: monitoramento, análise e recomendações, coordenada pela docente Lumena Furtado, da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) * Campus São Paulo.
O esforço conta com o apoio do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique, do ARK-T Centre em Oxford, do Observatório Covid-19 Centro de Estudos de Migração Internacional (CEMI) da Unicamp, do Departamento de Antropologia da UFOPA, do Departamento de História da UFParaná e do Lepais - UFPEL.
A divulgação de produções artísticas e demais atividades ocorre na página do Facebook. Para doações, entre em contato com os organizadores por meio da mesma página.