Revisão de literatura sobre o tema foi publicada nos Anais Brasileiros de Dermatologia da SBD
Por Daniel Patini
(Imagem ilustrativa)
Uma revisão de literatura publicada por pesquisadoras do Departamento de Dermatologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo analisou os principais aspectos das manifestações cutâneas associadas à covid-19. O trabalho está nos Anais Brasileiros de Dermatologia, uma publicação da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Os resultados indicam que a real frequência das manifestações dermatológicas ainda é incerta, podendo variar de 0,2% a 45%; sendo próxima a 6% nos estudos de revisão sistemática. As mais encontradas são as erupções maculopapulares, seguidas das lesões eritema pérnio (EP) símile. Quadros de urticária, erupções vesiculares e do espectro livedo-púrpura-necrose são menos frequentes. Quanto ao tempo de surgimento, as lesões cutâneas são habitualmente concomitantes aos sintomas gerais da covid-19 e raramente podem precedê-los, como nos casos de urticária e lesões vesiculares. O EP-símile pode surgir tardiamente ou, inclusive, ser o único sintoma clínico de covid-19. Já os quadros vasculares como livedo, púrpura e necrose também são tardios, porém associados a maior gravidade e pior prognóstico (veja mais informações no quadro abaixo).
"São poucos estudos prospectivos sobre o assunto publicados até o momento, os quais forneceriam informações mais fidedignas sobre a verdadeira prevalência das lesões cutâneas e os padrões identificados, especialmente por meio da busca ativa de lesões cutâneas pelo especialista. Embora o número de publicações em um curto intervalo de tempo seja expressivo e crescente, ainda há muitas perguntas desafiadoras sobre as manifestações cutâneas associadas à covid-19. No Brasil, por exemplo, não há dados sobre a prevalência de lesões cutâneas até o momento", relata Camila Seque, dermatologista da Unifesp e uma das autoras do artigo.
De maneira bastante simplificada, detalham as pesquisadoras, essas manifestações têm sido divididas em duas formas quanto à fisiopatologia: inflamatória, como resposta imune a infecção viral, gerando um processo de inflamação sistêmico intenso; e vascular, secundária aos fenômenos de vasculite, vasculopatia e trombose, sendo as lesões do tipo eritema pérnio (ou perniose) mais estudadas. "Estudos histopatológicos [análise microscópica dos tecidos para a detecção de possíveis lesões] e de imuno-histoquímica [processo para localizar antígenos em tecidos] dos diferentes padrões de lesões cutâneas em pacientes com covid-19 são fundamentais para melhor compreensão do seu significado fisiopatológico em relação à doença", considera a dermatologista.
Confira mais detalhes sobre as principais manifestações de pele relacionadas à covid-19:
Urticária (prevalência de 9% a 30% / em adultos / quadro leve)