Nova variante é responsável por 90% das novas infecções em SP; maioria dos casos são leves
Por Daniel Patini
O infectologista e professor da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) Eduardo Medeiros apresentou, durante a reunião do Conselho Universitário (Consu) realizada no dia 12 de janeiro de 2022, as últimas atualizações referentes à disseminação da variante Ômicron do Sars-CoV-2, vírus responsável pela covid-19. Ele esteve representando o Comitê Permanente de Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 (CPEC) da Unifesp, que avalia os riscos e a evolução da pandemia do novo coronavírus.
O professor fez um breve histórico da pandemia, que teve as primeiras infecções detectadas na China em dezembro de 2019, e apresentou o atual cenário epidemiológico, com a chegada da variante Ômicron no final de 2021, indentificada na África do Sul, a qual possui um alto grau de transmissibilidade e já é responsável por quase todos os novos casos da doença.
"Hoje, aqui em São Paulo, cerca de 90% das novas infecções são causadas por essa variante. Porém, são casos menos graves, manifestados por síndromes gripais – como congestão nasal, coriza, dor de garganta, um pouco de tosse –, levando raramente o indivíduo a insuficiências respiratórias e comprometimento pulmonar, como tínhamos visto com a variante Delta", relatou.
A novidade, neste início de ano, ele acrescentou, foi o aparecimento de uma outra epidemia concomitantemente, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo: o surto de Influenza A - variante Darwin, identificada na Austrália e que não estava presente na vacina da gripe. "Essas variantes estão circulando juntas, levando a um aumento exponencial de casos nos serviços de emergência e pronto-socorros, mas sem apresentar complicações na maioria deles".
Cuidados contínuos e vacinação
De acordo com Medeiros, o pico da Ômicron está próximo, devendo ocorrer nas próximas duas ou três semanas, com a estabilização e diminuição dos casos. Mas por que os casos são mais leves? "A nova variante encontrou uma população adulta totalmente vacinada, com alto teor de anticorpos. Mas isso não é razão para que se subestime essa situação. Embora seja uma forma mais leve da doença, não podemos subestimá-la", alertou.
Fazendo um prognóstico, o infectologista foi enfático: "sabemos que a vacina contra a covid não promove uma imunidade esterilizante de 100%. Mesmo com a população vacinada, a covid não será eliminada. Ela permanecerá em ondas nos próximos anos, e vamos ter que aprender a conviver com ela. É importante a gente se organizar enquanto universidade, para garantir nossas atividades com qualidade, sem interrupções bruscas". Para isso, segundo ele, serão necessárias medidas de segurança permanentes, como o distanciamento e uso de máscara, e a garantia de que a comunidade esteja vacinada.
"Espera-se que as vacinas sigam protegendo contra formas graves da doença, mortes e internações, mas ela não elimina o vírus totalmente. A gente vai controlar essa situação, e as vacinas são a nossa principal 'arma', junto com a prevenção. Novas vacinas estão surgindo, como as nasais, que certamente terão um proteção melhor contra essas variantes, novas medicações antivirais estão sendo produzidas, sendo duas já liberadas nos EUA, por exemplo. Certamente, vamos atingir um controle da doença, semelhante ao que acontece com a Influenza", finalizou.
Realidade do HSP e atividades acadêmicas presenciais mantidas
Em seguida, como forma de demonstrar um panorama atualizado da pandemia no Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp), o diretor-superintendente José Roberto Ferraro apresentou os dados mais recentes da instituição. Em 11 de janeiro de 2022, eram 34 internados entre adultos e crianças, sendo 25 positivos para covid e 9 suspeitos. Não havia pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Já o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Anderson Rosa, reforçou em sua fala a decisão do CPEC em manter, neste momento, as orientações que subsidiaram a Resolução 205 do Consu, que norteia a realização de algumas atividades presenciais do segundo semestre letivo de 2021, ainda em andamento, e as orientações que subsidiaram a Resolução 215 do Consu, que prevê a ampliação das atividades presenciais para o primeiro semestre letivo de 2022. Mais informações aqui.